terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Como estudar filosofia?

Para a maioria dos alunos, a Filosofia é uma disciplina difícil, aborrecida, enfim, uma grande "seca". Na minha opinião, existem duas principais razões que contribuem para essa situação: o não saber como estudar filosofia e o ter um mau professor. Vou referir-me em primeiro lugar à segunda das razões apontadas. O que é um mau professor de filosofia? Entre outros aspectos, é aquela pessoa que usa nas suas aulas uma linguagem muito elaborada, de difícil compreensão para os alunos (se o aluno não compreende o que o professor diz, como é que pode tomar posição em relação àquilo que o professor diz?), que não estabelece um diálogo com os alunos na abordagem dos problemas, que não levanta questões aos alunos sobre a matéria dada, que não permite que um aluno o interrompa educadamente durante um raciocínio, que se coloca numa posição acima dos alunos (quando na verdade, o professor também está a aprender, todos estamos sempre a aprender e aprende-se muito com os alunos). Estes são todos aspectos que se referem àquilo que um professor não deve fazer e que um bom professor não faz certamente. Infelizmente, ainda existem muitos maus professores de filosofia. Vamos agora à primeira das razões apontadas. Ora, o que é estudar filosofia? Um aluno que começa a estudar filosofia, depara-se com alguns textos que tem de ler e que são essenciais para perceber os conteúdos leccionados pelo professor. Ora, se estudar filosofia é, sobretudo, ler textos filosóficos, a pergunta anterior conduz-nos a outra: Como ler um texto filosófico? Em primeiro lugar, é necessário identificar o problema que o texto trata e que o autor procura dar uma resposta. Em segundo, identificar as principais teses defendidas pelo autor. Em terceiro, identificar e expôr os argumentos apresentados e que suportam as teses. Em quarto, avaliar criticamente os argumentos, levantando para si mesmo algumas perguntas: Será isso mesmo verdade? O que é que o autor entende por este conceito? Que implicações resultam daqui? Posso eu aceitar esta conclusão? Levantar questões é essencial em filosofia, porque, por um lado, ajuda o aluno a assimilar os conteúdos, e por outro lado, permite-lhe tomar uma postura crítica, conduzindo-o a aceitar ou a não aceitar aquilo que o autor defende. Se um professor de filosofia souber transmitir e aplicar na prática estas ideias, o estudo da filosofia torna-se certamente muito mais interessante para o aluno.

Crítica à moral de Kant

Para Immanuel Kant, uma acção tem valor moral quando a vontade que a determina é puramente racional ou desinteressada. Isto significa que, quando agimos, não podemos estar condicionados por qualquer inclinação, interesse, sentimento, desejo, afecto, para que a nossa acção seja considerada moralmente válida. Nesse sentido, afirma Kant ser necessário cumprir o dever por dever, ou seja, não roubar, não mentir, não matar, porque simplesmente, não o devo fazer nunca. Mas, e quando se rouba, para dar de comer a alguém que se encontra faminto, e quando se mente, para proteger a vida a alguém. Será que devia deixar morrer alguém à fome? Será que fazer tal coisa, tem um maior valor moral, do que roubar algumas peças de fruta? Não parece que tenha. Aliás, deixar alguém morrer à fome ou não proteger a vida a uma pessoa, parecem-me ser actos profundamente imorais. A moral de Kant, não parece, pois, ser aceitável.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Definição de lógica

Alguns manuais definem a lógica como aquela "disciplina que se ocupa da investigação das regras que tornam o pensamento coerente". Esta definição é incorrecta, porque eu posso ter um raciocínio coerente e ser inválido. Por ex., o seguinte argumento é inválido: "Se está a chover, não saio de casa. Não saio de casa, logo, está a chover", mas não deixa de ser um raciocínio coerente, porque é possível as proposições do argumento terem simultaneamente o mesmo valor de verdade. Por ex., é possível serem todas verdadeiras. Quem apresenta aquela definição está a cair na seguinte confusão: se é coerente, não pode ser inválido, logo, é válido. Identifica coerência com validade, quando não são a mesma coisa. A definição de lógica que me parece ser a mais correcta é a seguinte: "aquela disciplina que se dedica ao estudo das regras que permitem tornar o pensamento válido".

sábado, 26 de janeiro de 2008

O que é a filosofia?

Em cada um dos manuais de filosofia encontram-se todos os anos diferentes definições de filosofia, uma melhores, outras piores. Este ponto da definição de filosofia é um aspecto muito importante, porque um aluno não pode começar a estudar uma disciplina sem saber do que ela trata, por outro lado, trata-se do primeiro tópico do programa de filosofia do 10º ano: "O que é a filosofia?".
Não querendo estar aqui a dizer que a minha definição é a única correcta, é, no entanto, aquela que me parece ser a melhor. Podemos definir a filosofia como aquela disciplina que se dedica ao estudo de um conjunto de problemas cuja resposta não pode derivar da experiência.
A única forma de tentar dar uma resposta aos problemas colocados pela filosofia, é através do raciocínio, apresentando uma determinada tese e, de seguida, suportá-la em argumentos, de preferência, bons argumentos. Jamais poderemos encontrar uma resposta para os problemas da filosofia, usando unicamente os nossos sentidos. Não é possível responder ao problema da existência de Deus, ou ao problema de como devo agir para agir moralmente, recorrendo apenas à experiência sensível, senso necessário recorrer ao pensamento: Deus existe? Será isso verdade? Se Deus existe, como se prova tal ideia? Que argumentos existem? O que é que eles dizem? Que críticas lhes são dirigidas? O que é agir moralmente? É provocar a maior felicidade possível sobre o maior número de pessoas? É agir sempre de uma forma desinteressada? Mas é isso possível?
Por isso mesmo, a filosofia obriga-nos a pensar, a criticar as ideias que vamos lendo e ouvindo através de uma análise dos argumentos que as sustentam e a apresentar outras novas. É aqui que reside, quanto a mim, todo o interesse da filosofia: por um lado, a possibilidade de criticar os argumentos dos outros e, por outro, a possibilidade de aceitar os argumentos dos outros quando são melhores ou mais fortes que os nossos, tendo sempre como pano de fundo, o problema filosófico ao qual estamos a tentar dar a melhor resposta possível.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A importância da Filosofia

A maioria das pessoas manifesta um certo descrédito em relação à utilidade da filosofia para a sociedade. Geralmente ouve-se dizer: "É algo demasiado abstracto", "Isso é coisa de doidos", "Filosofia...o que é isso?", "Coitadinho...aquele ali diz que a sua paixão é a filosofia", e por aí em diante. Basicamente, porque acreditam no seguinte: A Filosofia não serve para nada.
Ora, tal ideia é absolutamente errada. Um dos elementos caracterizadores da filosofia é a argumentação. Esta é mesmo o elemento essencial da filosofia, sem o qual não era possível discutir os problemas que coloca. Basicamente, argumentar não é mais nem menos do que aquilo que fazemos todos os dias, de uma maneira ou de outra. Mas, uma das vantagens de se argumentar, não é apenas a de as pessoas, a partir de perspectivas e opiniões diferentes, chegarem a um consenso, ou o de evitar a violência física quando existem desacordos, mas, sobretudo, o de eliminar muitos dos nossos preconceitos, muitos deles, ideias erradas acerca da realidade e que não estamos interessados em modificar. Se pela argumentação, é possível melhorar as nossas ideias, onde a crítica argumentativa que os outros nos dirigem exerce aqui um papel fundamental, e dado que as nossas decisões e acções se baseiam naquilo que pensamos, então, a argumentação é essencial para nos ajudar a tomar melhores decisões e a agir melhor. Por aqui se pode perceber que, afinal, a filosofia sempre serve para alguma coisa. Por outro lado, os problemas que a filosofia coloca ajudam-nos a compreender melhor o mundo que nos rodeia e a tomar uma atitude crítica em relação às respostas ou soluções que vão sendo apresentadas para os problemas da sociedade, com vista a poderem ser melhoradas, no fundo, com o objectivo de alcançarmos um mundo cada vez melhor para todos.

Pedro Dinis

Bem-vindos!

Bem-vindos ao think.
Pretende-se neste blog apresentar e criticar algumas ideias e textos de carácter filosófico.
Que seja útil a todos os que a ele acedam.

Pedro Dinis